Enquanto o Maranhão apresenta um dos maiores índices de mortalidade infantil e os piores índices de educação do país, existe um governo que insiste, tanto em nível nacional, como estadual, em anunciar que a condição de vida do maranhense nunca esteve tão bem e que o que se deveria mesmo fazer era respirar a brisa de uma suposta tranquilidade ou, quem sabe até, comemorar.
Fala-se, com muito entusiasmo, da ampliação do acesso ao ensino superior, atribuindo-se toda honra a programas como o Prouni e o Reuni, furtando-se, porém, de deixar claro à sociedade que, no primeiro caso, a verba utilizada para o pagamento de vagas nas faculdades particulares é a mesma que falta na universidade pública e que impede que o direito à educação pública e gratuita seja garantido a todas as pessoas, sem a perda da qualidade.
Fala-se em ampliação do acesso ao ensino superior sem se debater a necessidade de implementação de políticas de ações afirmativas que garantam que adolescentes e jovens, sobretudo negros e pobres residentes em nossas periferias, tenham não somente acesso, mas sobretudo condições objetivas de permanência na universidade, não precisando abrir mão de sua formação sob pena de sua própria sobrevivência.
No caso do Reuni, em especial, o que pudemos observar foi que a implementação deste programa ocorreu de forma impositiva, sem respeito a autonomia da universidade e, o que foi ainda mais grave, sem o mínimo de debate com a comunidade acadêmica e a sociedade em geral, e uma, entre tantas provas deste fato, foi a mais recente adesão ao Enem como única forma de ingresso à universidade federal, o que tem causado muito descontentamento.
Nesse sentido, gostaria de perguntar aos presentes candidatos, sobretudo aos que não expressaram aqui e nem nunca expressarão em seus projetos de governo a necessidade e, principalmente, uma vontade real de transformação social, até quando nós, adolescentes e jovens, pegaremos carona na implementação de políticas públicas que nos dizem respeito, sem que nosso protagonismo e nossa capacidade de debate e organização sejam, de fato, considerados.
*Intervenção elaborada por mim durante a audiência pública realizada na última quarta-feira (15) com os candidatos ao governo do estado para assinatura do termo de compromisso pelos direitos da infância e adolescência. Marcos Silva (Pstu), Saulo Arcangeli (PSol), Flávio Dino (PC do B) e, mais tarde, Josivaldo Corrêa (PCB), fizeram-se presentes, enquanto Jackson Lago (PDT) foi representado por sua esposa, Clay Lago, e Roseana Sarney (PMDB) por seu vice, Washington Luís (PT).
Importante destacar que a ausência da candidata e atual governadora do Maranhão não nos foi nenhuma grande surpresa, uma vez que há tempos a não participação em debates já havia sido anunciada. Atribuido a este e, entre tantos outros fatores, ao grande número de adolescentes que manifestou vontade de expressar suas inquietudes na ocasião, optei por compartilhar em outro momento a pergunta que eu muito queria, mas que infelizmente não fiz.
Fala-se, com muito entusiasmo, da ampliação do acesso ao ensino superior, atribuindo-se toda honra a programas como o Prouni e o Reuni, furtando-se, porém, de deixar claro à sociedade que, no primeiro caso, a verba utilizada para o pagamento de vagas nas faculdades particulares é a mesma que falta na universidade pública e que impede que o direito à educação pública e gratuita seja garantido a todas as pessoas, sem a perda da qualidade.
Fala-se em ampliação do acesso ao ensino superior sem se debater a necessidade de implementação de políticas de ações afirmativas que garantam que adolescentes e jovens, sobretudo negros e pobres residentes em nossas periferias, tenham não somente acesso, mas sobretudo condições objetivas de permanência na universidade, não precisando abrir mão de sua formação sob pena de sua própria sobrevivência.
No caso do Reuni, em especial, o que pudemos observar foi que a implementação deste programa ocorreu de forma impositiva, sem respeito a autonomia da universidade e, o que foi ainda mais grave, sem o mínimo de debate com a comunidade acadêmica e a sociedade em geral, e uma, entre tantas provas deste fato, foi a mais recente adesão ao Enem como única forma de ingresso à universidade federal, o que tem causado muito descontentamento.
Nesse sentido, gostaria de perguntar aos presentes candidatos, sobretudo aos que não expressaram aqui e nem nunca expressarão em seus projetos de governo a necessidade e, principalmente, uma vontade real de transformação social, até quando nós, adolescentes e jovens, pegaremos carona na implementação de políticas públicas que nos dizem respeito, sem que nosso protagonismo e nossa capacidade de debate e organização sejam, de fato, considerados.
*Intervenção elaborada por mim durante a audiência pública realizada na última quarta-feira (15) com os candidatos ao governo do estado para assinatura do termo de compromisso pelos direitos da infância e adolescência. Marcos Silva (Pstu), Saulo Arcangeli (PSol), Flávio Dino (PC do B) e, mais tarde, Josivaldo Corrêa (PCB), fizeram-se presentes, enquanto Jackson Lago (PDT) foi representado por sua esposa, Clay Lago, e Roseana Sarney (PMDB) por seu vice, Washington Luís (PT).
Importante destacar que a ausência da candidata e atual governadora do Maranhão não nos foi nenhuma grande surpresa, uma vez que há tempos a não participação em debates já havia sido anunciada. Atribuido a este e, entre tantos outros fatores, ao grande número de adolescentes que manifestou vontade de expressar suas inquietudes na ocasião, optei por compartilhar em outro momento a pergunta que eu muito queria, mas que infelizmente não fiz.
6 comentários:
Oi , Camila !
Vim conferir e adorei seu blog.
Muito bom ... :)
Te Sigo.
Bjo.
Parabéns pelo post! Espero que as respostas venham! Me sinto tão envergonhado de ser maranhense!
Uma semana consciente e de muita paz!
Bj*
eu voto em ti pra presidente! Sério.
=)
Acho que você poderia ter feito realmente essa questão. Mas descordo um pouco de você em alguns pontos. Concordo que o Reuni, apesar das verbas, vai comprometer a já comprometida qualidade da UFMA pois a questão não é simplesmente liberar vagas para todo mundo sem condições de manutenção.
Mas, Camilinha, nunca acreditei na Universidade gratuita e de qualidade para todo mundo. Basta olhar outros países, que, diga-se, não são exemplo de sociedade justa, mas que adotam um outro modelo de instrução.
Todo mundo tem direito a instrução e formação profissional, mas isso não necessariamente está nas universidades. Porque não expandir a quantidade de cursos técnicos e profissionalizantes de qualidade? Só no Brasil as pessoas ainda tem a ideia de que é imprescindível passar pela universidade para ser "bem-sucedido".
concordo seane, quando falas que ter um ensino superior não determina, e nem deve determinar, o sucesso de uma pessoa, mesmo porque existem aquelas que por opção, afinidades e uma série de outras questões, escolhem construir uma carreira técnica, sendo que estes profissionais são de extrema importância para que um país possa se desenvolver, são de fato a base do desenvolvimento, por isso a necessidade de expansão do ensino técnico e profissionalizante.
o que não deve acontecer, porém, como vem sendo reforçado em governos e promessas de "novos" governos, é a negação das péssimas condições em que hoje se encontram as universidades públicas, sendo que os porquês que justificam esta condição estão também na escolha do modelo econômico que temos. se quem governa tem como prioridade a retirada de verbas da educação e de outros setores públicos de importância, como saúde e cultura, para investimento em setores privados (faculdades, empresas e principalmente bancos), de fato não haverá possibilidade de termos no brasil uma educação que alie gratuidade e qualidade.
depois, só acreditarei na liberdade de escolha das pessoas em cursar um curso técnico ou um superior quando a elas, bem antes de fazerem essa escolha, forem dadas as mesmas condições. na universidade encontrei muita gente que não tem afinidade alguma para pensar a construção do conhecimento (que deveria ser uma das tarefas de quem integra esse espaço) e que se realizaria bem mais se tivesse uma formação técnica.
mas isso não aconteceu porque historicamente a formação técnica e profissionalizante em um país como nosso, tem sido destinada às pessoas de baixa renda. na outra ponta, em meu bairro conheço inúmeras pessoas que se pudessem optar entre fazer um curso técnico e um superior, fariam um superior, mas a estas pessoas, passar algo em torno de 4 anos em uma universidade, não é permitido, porque as necessidades mais básicas falam mais alto, e daí que trabalhar ou fazer um curso técnico responde de forma mais rápida a estas questões, pelo menos a médio prazo.
*tagarelei demais nesse comentário. mas é que são sempre muitas reflexões. hehehe. obrigada pelo comentário, seane. ele deu margem para um dialogo com prós e contras, o que era bem a proposta do texto. um abraço e até as próximas palavras.
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