para Fernanda Reis que hoje foi para a Bahia
Das rebeliões organizadas ainda no maternal, duas são as lições que, aconteça o que acontecer, jamais podem ser esquecidas: 1) as mamadeiras de vidro são preferidas porque podem dar bons coquetéis incendiários; e 2) há encontros que são ruins, outros que são bons e uns terceiros, ainda, que são muito bons. Todos eles independem de tempo e espaço.
O que tento dizer é que não importa se quando ela e eu nos conhecemos, ainda usávamos fraldas e queimávamos carrinhos de cachorro quente em plena luz do dia; ou se, dadas as balas de borracha e spray de pimenta nos olhos da vida, só nos reencontraríamos anos depois na escuridão dos porões da ditadura graças a um cigarro aceso por um bandido.
Dos encontros muito bons, devo dizer, esses são raríssimos! Há até pesquisa que diga que a cada cinquenta, somente um corre o risco de sê-lo. Repito, pois faço questão: trata-se de um risco, não de uma garantia. Mas, mesmo raros, é fato, existem. Sejamos otimistas: procuremos em garagem de sindicato, em sede de partido ou apartamento no terceiro andar.
Abre a porta: as paredes têm sotaques, a geladeira tem bilhetes e a sala um sofá da cor de lutar; na TV, intrigas horripilantes e desfiles hilários; nas conversas, cumplicidades cochichadas e confissões nem sempre centralizadas; se é cozinha, é mistura de sabores e gosto bom de companhia: são peças soltas pelo chão, é pimenteira na varanda, são abraços de bom dia.
Os encontros muito bons nos preenchem, nos deslocam, mobilizam. São crises de riso, reflexões ao acaso e saudades agudas se o assunto for despedida. Obrigada, por ter cuidado de mim quando precisei, por ter confiado algumas opiniões, por ter partilhado teus planos de vida. Agradeço-te por ter sido alegria, camaradagem, companhia.
Um dia, quem sabe, contarão sobre esse encontro acontecido em outras terras, mas enquanto não contam, vou contando assim. Me despeço de ti com o coração já apertado da ausência, mas simultaneamente feliz por saber que se trata de um projeto. Te desejo felicidade, bons encontros e poesia. Mas, não demora e volta qualquer dia, porque a gente te espera para jantar.
Com carinho,
2 comentários:
Pra postar um comentário aqui eu tenho que provar que não sou um robô!¬¬ Tenho que digitar umas letras bagunçadas para isso! aff
É... são nessas divagações que as saudades apertam. São nas grandes amizades que elas fazem todo sentido. Compartilho das suas saudades e de suas lembranças, Camila(inha),mas sempre tem um gostinho bom a certeza de que em todo lugar tem uma parte do nosso coração e que a gente só precisa ir lá. =)
Passei para lhe desejar um bom fim de semana
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