Passou pela porta com o cigarro entre os dedos e parou próximo à janela da sala, onde se encostou. Organizou a carteira e o isqueiro, observou tudo em volta e manifestou algumas poucas palavras. Retomava-se assim nosso diálogo que, após tempos em desuso, seguia como de costume, cheio de conflitos e identificações.
– Gostei da mudança. Acho que vou dar um presente para a casa.
- É? O quê?
- Minha mãe...
Parou, levou o cigarro até a boca, fez uma conchinha com uma das mãos, riscou o isqueiro e tragou. Mas tragou como quem respira após uma longa série de nado submerso ou como quem suspira disfarçadamente. Fez tudo isso enquanto me ouvia suplicar por informações, exclamar um milhão de coisas e questionar suas ideias absurdas. E tão somente então, aliviada, completou:
– ...faz uns quadros ótimos de tapeçaria.