domingo, 28 de dezembro de 2008

Upa!

Lugar melhor que casa de vó, certamente nunca haverá. Foi lá que comecei a pisar o chão com os pés descalços, que pude experimentar a sensação infantil de um quase primeiro beijo ou o gosto bom de café com leite em pó ou um punhado de farinha d’água.
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No início dos anos 90, quando todos por lá ainda morávamos, a hora do jantar era de pouca fartura, imensa alegria e um corre-corre tamanho, cujo porquê naquela época não conseguia entender. Só sei que corria. Corria demais. Corria para ver os adultos sorrirem em frente à TV daquela família de dinossauros que aparecia sempre à noitinha.
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Vovó, mãe doze vezes, avó outras treze, e bisavó uma vez somente, era pouco falante e bastante sorridente. Costumava ter crises de risos incontroláveis, como aquela que lhe fez cair a dentadura enquanto saboreava farofinha e churrasco comemorativos.
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Por seus filhos, quase todos Francisco, sempre teve amor tão grandioso, capaz de perdoar mesmo aqueles de gênio mais forte. E se ali o sentimento já era imenso, o que dizer então por suas filhas, “Herena”, “Ana Rudes” e “Herídia”, assim, com “r”, mesmo, já que nessas ocasiões a troca do “l” pela referida letra era bem comum.
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No Natal, sua árvore poderia até não ser a maior da família, mas certamente era a mais pomposa, uma vez que dava sombra aos embrulhos que no dia da ceia serviriam à tradicional e sempre divertida troca de presentes entre os amigos nada secretos, já que no final das contas, todo mundo sempre se descobria.
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Agora, a casa sem ela é vazia. Chegou o Natal. Sinto falta dela, de seus vestidos floridos, de seus brincos brilhosos e de seus cordões tão bonitos. Tudo em bastante harmonia. Sinto falta de sua vaidade, de suas expressões, de seu abençoar e principalmente de seu sempre sorriso.
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Vovó, nossa flor, sempre foi em quem vimos força e reconhecimento. Dava gosto, daqueles de doer no peito, ver o orgulho e a felicidade estampados em seus olhos e sorriso após compartilhada uma conquista. Sempre sentiremos saudade suas e sempre lhe amaremos.
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Ei, vovó... Sua bisneta é linda. Muito linda. Parace aquelas criancinhas moradoras de iglu! hihi. O melhor de tudo foi que a senhora esteve aqui quando ela chegou. Bem do jeitinho que sempre lhe ouvi dizer que seria. Os cachinhos meus e de Alberto, acho que durarão bastante, ainda, porque não pretendo fazer chapinha e ele, acho que não ficará careca. Quanto às lágrimas de todos nós, essas são de saudade, tá? Benção e fica bem...
 
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