Respeitável público! Sinta-se à vontade para intervir, pois as cortinas que separavam palco e platéia acabaram de ser queimadas. Nesta mesma fogueira, que ainda faísca amarelos, laranjas e vermelhos nos mais distintos tons, jogou-se também uma trouxa bem amarrada repleta das mais diversas formas de opressão e padrões, inclusive aquele que negava a existência do teatro na essência humana. Vem, chega mais. Convido-te a transformar!
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Solte o corpo. Crie um ritmo. Crie um som. Crie o que tu quiseres, criar. Torne-se aquilo o que tu pretendes ser. Estamos no Teatro do Oprimido. Aqui, espectador é protagonista e, atrelado à vontade de transformar, ele tem o palco e não se furta de ir lá e pôr para fora tudo aquilo que lhe angustia, que lhe machuca, que oprime a ele e a seu semelhante. Assim, um bom exercício de cidadania e ética.
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Criado por Augusto Boal, o Teatro do Oprimido utiliza-se de meios estéticos para buscar alternativas de solução de problemas reais de opressão. Desta forma, pautados nos princípios da ética e da solidariedade, técnicas, jogos e exercícios, são capazes de fazer despertar em qualquer pessoa formas variadas de expressar sentimentos, dúvidas, opiniões.
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No Teatro do Oprimido, método hoje presente em mais de 70 países nos cinco continentes, a técnica mais praticada em todo o mundo é o Teatro-Fórum. Nesta ocasião, encena-se uma história real de opressão, seja ela de classe, gênero, raça, credo ou qualquer que seja a situação em que um personagem oprimido entra em conflito com um personagem opressor em defesa de seus objetivos, mas acaba por fracassar.
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A partir de então, sensibilizado, envolvido ou mesmo atormentado, o espectador é convidado a ocupar o lugar do personagem oprimido e propor, em cena, alternativas possíveis de transformação daquela realidade. O mais interessante de tudo é que neste jogo simples de encenações, mediado por um Curinga, facilitador do Teatro do Oprimido, democratiza-se os meios de produção cultural e fortalece-se a cidadania dos indivíduos.
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Boal diz que “o ato de transformar é transformador”. Aqui, no Teatro do Oprimido, como dois pesos que parecem dançar variantes em lados opostos de uma mesma balança, tudo o que não é proibido torna-se perfeitamente permitido, pois o objetivo é um só: usar a arte para melhor entender o mundo e entender o mundo para transformá-lo. Sendo assim, convido-te a transformar. Vem! Basta levantar e dar um passo à frente. Ao final, tu perceberás como esta cadeira aí, na verdade, nem é tão confortável quanto parece.
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Convite
Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto
Data: 31 de outubro de 2008
Horário: 18h
Local: Museu Histórico e Artístico do Maranhão. Rua do Sol, 302. Centro Histórico. São Luís-MA.