.
Não gosto de falar sobre bunda. Até mesmo porque se existe alguém com propriedade para falar sobre isso, esse alguém certamente não sou eu. Talvez nunca alguém tenha me ouvido falar esta palavra. Mas me chamou a atenção que, em alguns espaços, não se pode nem mesmo escreve-la. Falar em bunda no word é tabu. A palavra é sublinhada de vermelho e vêm as opções “banda, boda, bomba, bonde, borda”. Como assim, boda e não bunda? E não dá para adicionar ou incluir no dicionário. O word é contra a inclusão da bunda.
.
Mas, sejamos mais fortes e superemos este ponto de opressão. Não sou maranhense, mas se tem algo que me fez ter paixão por este estado que me acolheu com tanto carinho, foram suas palmeiras, aquelas onde cantaram, ou ainda cantam, os sabiás de Gonçalves Dias. E são delas, das palmeiras, que vem toda essa história inquietante de babaçu.
.
Em qualquer busca rápida pela internet, tu podes encontrar, por exemplo, coisas do tipo: “é verdade que no maranhão babaçu abunda?”. Pois eu diria que o babaçu não só abunda, mas que ele abunda e muito! Tanto que é forma de sustento para cerca de quatrocentas mil famílias, e vale destacar que, dentre elas, 90% são mulheres, tanto que há, por aqui, o Movimento das Quebradeiras de Côco Babaçu que lutam pelo cumprimento da Lei do Babaçu Livre.
.
Este movimento surgiu a partir da segunda metade da década de 80 quando as áreas de ocorrência do côco babaçu foram cercadas e apropriadas indevidamente por empresas agropecuárias e grandes fazendeiros com vistas na monocultura. Com a Lei do Babaçu Livre a extração do côco fica permitida mesmo em terras privadas.
.
Do babaçu são feitas esteiras, cestos, chapéus, carvão vegetal, produtos cosméticos, óleos, farinha para mingaus, bolos, pães, pudins e biscoitos, e também aquela multimistura distribuída pela Pastoral da Criança para combater a desnutrição. E vale dizer também que sua palmeira não é exclusividade somente do Maranhão. Há babaçu no Tocantins, Pará e Piauí. Opa! E no Ceará, não? Hum... acho que encontrei a explicação para o porquê de eles preferirem fazer culto ao “bolinho de arroz”...
O Erecom Piauí me deixou no peito um vazio de saudade e ao mesmo tempo um transbordar de esperanças nessa gente nova que vem chegando aí...