domingo, 24 de fevereiro de 2008

Axilas libertárias e sovacos libertinos

Sovaco ou axila, não importa. O que importa é que falar sobre ela, a junção do membro superior com a parede lateral do tórax, sempre foi um grande tabu. Não consigo compreender o por quê, afinal, todo mundo tem, e tem não só uma, mas duas axilias!

Há quem considere sua axila a parte mais querida de todo o corpo. Foi isso que ouvi uma menina falar durante uma dinâmica lá em Minas em que cada um, após refletir alguns instantes de olhos fechados, deveria dizer aquela parte do corpo em que primeiro pensou. Entre respostas como mãos, pés, olhos e boca, ou entre outras não tão ingênuas assim, ela respondeu que era sua axila, pois a querida lhe proporcionava "momentos de extrema alegria e descontração". Eu tive uma crise de riso nesse momento. Foi interessante.

O mais intrigante é que em torno das axilas gira toda uma indústria: são antitranspirantes, desodorantes liquidos, cremosos, em spray ou aerosol, com cheiro ou sem cheiro, clareadores, aparadores de pêlos, giletes, depiladores à cera ou a laser entre tantas outras maravilhas pra deixar qualquer axila muito atraente. Uma verdadeira apropriação das axilas pelo capital.

Essa manhã pensei: porque não fazer das minhas axilas espaços de protesto ou áreas de conflitos e reivindicações? Depois que os pêlos estivessem grandes o suficiente, eu passaria uma gilete em uma parte, para simular algo como uma devastação. Em seguida, plantaria algumas sementes de pêlo em formato de eucalípito, em alusão à Aracruz Celulose e por fim, para tensionar ainda mais, colocaria uns Phthirius pubis militantes, que logo depois, com a ajuda da grande mídia que incriminaria seu movimento e suas manifestações, ficariam popularmente conhecidos como "chatos".

E isso tudo aconteceria na axila esquerda, é claro. Porque a axila esquerda é mais de luta que a direita, afinal, está constantemente exposta nas manifestações: se o pulso esquerdo está lá no alto, firme, cerrado, pode contar que a axila esquerda é sua base. "E a base é sempre algo muito importante, ainda mais quando se trata de axila". Bem, se Marx nunca disse isso certamente foi por nunca ter tido a oportunidade.

Por fim, gostaria de dizer que este texto não tem uma moral, um final e nem é uma tentativa de dizer que eu me tornei uma naturalista ou alguma revendedora de cosméticos prestes a lançar uma nova linha de produtos voltados exclusivamente para elas: as fabulosas axilas! clap clap clap! Eu só queria falar delas... sobre elas... Por que?

Ah, porque elas estão sempre conosco e com as outras pessoas, também... na maioria das vezes nem são percebidas ou em outras, são percebidas até demais, virando motivo de chacota, como em "uma axila incomoda muita gente... duas axilas incomodam muito mais!", mas o fato é que ninguém fala delas. Não se pode coçá-las em público e nem todas as pessoas se permitem tocar as das outras afim de lhes proporcionarem "momentos de extrema alegria e descontração". Que chato! Eu desejo que, de agora em diante, falar sobre as axilas e interagir com elas não seja mais um tabu! Ripilitimtim!
 
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